Quando falamos de liderança bíblica, logo somos remetidos aos tempos do êxodo israelita e nos curvarmos diante das grandes lições do insigne legislador hebreu.
É
quase impossível desenvolver um estilo de liderança eclesiástica, sem antes
analisarmos com muito cuidado o perfil da liderança de Moisés, que tem atravessado
milênios sem perder o valor e a importância para a prática pastoral, e que,
mesmo nos dias atuais, tem influenciado novos métodos e princípios para uma
liderança eficaz. Se quisermos destacar uma palavra que defina a liderança de
Moisés, podemos usar a palavra “dependência”.
Isso mesmo, Moisés obteve sucesso como líder porque sempre foi um grande
dependente, tanto de Deus como das pessoas.
Uma
visão errada sobre liderança é nutrida no coração de muitos que se colocam como
líderes na atualidade. Esses acham que um líder depende exclusivamente de Deus
e, por isso, excluem as pessoas tornando-as quase sem nenhuma importância para
o seu ministério. Quando Deus aparece para Moisés através da sarça ardente e
fala de seu plano para salvar seu povo das mãos de Faraó, Moisés
instantaneamente alega ser incapaz em realizar tão grande tarefa e diz: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloqüente, nem
outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado
de língua. Então o Senhor diz: Quem
fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego?
Não sou eu, o Senhor? Ainda não convencido, Moisés replica mais uma vez: Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviar,
menos a mim. O texto declara abertamente que a ira do Senhor se acendeu
contra Moisés e diz: não é Arão, o
levita, teu irmão? Eu sei que ele fala fluentemente; e eis que ele sai ao teu
encontro e, vendo-te, se alegrará em seu coração. Tu, pois, lhe falarás e lhe
porás na boca as palavras; eu serei com a tua boca e com a dele e vos ensinarei
o que deveis fazer. Ele falará por ti ao povo; ele te será por boca, e tu lhe
serás por Deus.
Reabilitado
os ânimos, Moisés parte para o Egito consciente de duas coisas: dali em diante
dependia de Deus para realizar as maravilhas e de Arão para se comunicar. O
poder de Deus ia sobrepujar seus limites humanos e a fluente oratória de Arão
desvencilhar as palavras de sua boca.
Durante
os quarenta anos de ministério vemos um Moisés, que, embora tenha visão
definida, seja cônscio dos planos de Deus e esteja determinado em cumpri-los,
acerca-se de pessoas para auxiliá-lo. Com propósitos firmes, no entanto, não
desejava alcança-los sozinhos. Uma equipe que lhe assessorava estava
diretamente ligada aos seus planos e estratégias para vencer o deserto e entrar
em Canaã. Moisés, certamente, não sofria de fobia social nem alimentava
sentimentos de auto-suficiência. Durante seu ministério teve a companhia de seu
irmão Arão, de seu sogro Jetro, sua irmã Miriã, de Josué, Calebe e seus chefes.
Antes de liderar o povo, Moisés teve que liderar uma equipe, lei inviolável
para uma liderança eficaz.
Quando
se achou exausto e já não podia atender o povo sozinho, aceitou o conselho de
seu sogro, Jetro, e fez tudo quanto este lhe dissera. Subiu o monte com Arão e
Hur na batalha contra Amaleque e esses sustentaram seus braços para que Israel
vencesse. Tinha sob seu comando chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez, homens
capazes, tementes a Deus, que julgava as pequenas causas e filtravam os
problemas antes de chegar aos seus ouvidos.
Josué,
que mais tarde viria a ser o sucessor de Moisés, esteve em sua companhia por
quase quarenta anos. É este o fato que distingue a liderança mosaica: em
preparar um homem para assumir seu lugar. Quando lemos os textos que relatam à
transição deste cargo, entendemos que isso não ocorreu às pressas, num curto
espaço de tempo.
Deus
falou a Moisés com muita antecedência que Josué era o homem certo para assumir
seu lugar. Até aquele momento nem Moisés, nem um outro membro de sua equipe,
havia pensado numa troca de liderança antes de cruzarem o Jordão e porem os pés
na tão sonhada Canaã. Ninguém cogitava tal possibilidade. Se não for Moisés
ninguém mais poderá realizar tamanha façanha. Não há outra pessoa entre nós que
consiga conduzir este povo. Comentários como esses certamente faziam parte do
cotidiano hebreu em pleno deserto.
A
excelência da liderança é poder gerar discípulos, é transmitir sua visão a
outros. Foi isso que Moisés fez quando percebeu a aptidão de Josué e sua
constante insistência em estar ao seu lado, sempre ao seu dispor. Moisés não
dispensou a sua presença nem tão pouco se sentiu ameaçado diante da ascendência
e do crescente prestigio de Josué. Bem diferente de alguns líderes que, hoje,
sentem-se “ameaçados” quando percebem o despontar de novos obreiros e, desprovidos
de amor pastoral, tentam sufocar seus ministérios, assim como Saul tentou fazer
com Davi. Moisés não foi alimentado por
esse sentimento egoísta e medíocre, mas seguiu a ordem de Deus levando Josué
perante o povo e declarando para toda a congregação, que ele seria o seu
sucessor.
A atitude de Moisés é digna de elogio
por dois grandes motivos: primeiro, ele aceitou, sem resignação, não entrar em
Canaã como penalidade à sua desobediência. Segundo, ele mesmo diz para Deus: O SENHOR, autor e conservador de toda vida,
ponha um homem sobre esta congregação que saia adiante deles, e que entre
adiante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar, para que a congregação
do SENHOR não seja como ovelhas que não têm pastor (Nm 27.17,18). Veja que
a preocupação de Moisés não é a perda do cargo, mas, que Deus providencie outra
pessoa para conduzir o povo. Ele não se sente dono do cargo. Prontamente responde:
tudo bem Senhor, se até aqui fui útil e se meu tempo passou, põe outro em meu
lugar, mais não deixa o povo sozinho, desamparado e sem direção.
Outro
principio de liderança que podemos destacar em Moisés: a sua alma não estava apegada
à posição que ocupava, mas, a seu povo, pois não queria que eles ficassem como
ovelhas sem pastor. Ao passar o bordão para Josué, Moisés transfere a ele
credibilidade, respeito e honra, pois, isso não invalidava seus quarenta longos
anos de ministério, ao contrário, até hoje Moisés é tido como o maior
legislador de Israel, respeitado e admirado em toda cultura judaico-cristã.
O
tempo passa, assim como nós e o nosso ministério. Moisés entendeu seu tempo e
foi sábio em reconhecer que o tempo de Josué havia chegado. Cada um constrói
sua história e mesmo que surjam outros para nos substituir, ela não pode ser
apagada. E se um dia ela for esquecida, seus frutos, porém, subsistirão. Precisamos
entender que nossos sucessores não desfarão nossos feitos aqui na terra nem no
céu. O nosso Deus não deixará que nada se perca, mas, tudo estará devidamente
anotado, pois chegará o dia em que o justo juiz dará a cada um o seu galardão
segundo as suas obras.
Pr. Sóstenes
a melhor que eu já ouvi
ResponderExcluirque interessante análise da liderança mosaica! Que Deus o capacite cada vez mais, Pr. Sóstenes
ResponderExcluirDevemos seguir os ensinamentos dos grande lideres do antigamente como Moises Jusue e tantos outros que escreveram a sua historias com sabedoria e temor a Deus so assim poderemos ter um mundo melhor onde reinara o amor ao proximo como mandamento primordial para a salvacao da humanidade sejemos lideres como Moises ama o proximo como a ti mesmo.
ResponderExcluirFantástica abordagem.
ResponderExcluirGloria á Deus!Maravilha.
ResponderExcluir