quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Moisés, o líder que amou o povo e não o cargo



Quando falamos de liderança bíblica, logo somos remetidos aos tempos do êxodo israelita e nos curvarmos diante das grandes lições do insigne legislador hebreu.

É quase impossível desenvolver um estilo de liderança eclesiástica, sem antes analisarmos com muito cuidado o perfil da liderança de Moisés, que tem atravessado milênios sem perder o valor e a importância para a prática pastoral, e que, mesmo nos dias atuais, tem influenciado novos métodos e princípios para uma liderança eficaz. Se quisermos destacar uma palavra que defina a liderança de Moisés, podemos usar a palavra “dependência”. Isso mesmo, Moisés obteve sucesso como líder porque sempre foi um grande dependente, tanto de Deus como das pessoas.

Uma visão errada sobre liderança é nutrida no coração de muitos que se colocam como líderes na atualidade. Esses acham que um líder depende exclusivamente de Deus e, por isso, excluem as pessoas tornando-as quase sem nenhuma importância para o seu ministério. Quando Deus aparece para Moisés através da sarça ardente e fala de seu plano para salvar seu povo das mãos de Faraó, Moisés instantaneamente alega ser incapaz em realizar tão grande tarefa e diz: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloqüente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua. Então o Senhor diz: Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Ainda não convencido, Moisés replica mais uma vez: Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviar, menos a mim. O texto declara abertamente que a ira do Senhor se acendeu contra Moisés e diz: não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele fala fluentemente; e eis que ele sai ao teu encontro e, vendo-te, se alegrará em seu coração. Tu, pois, lhe falarás e lhe porás na boca as palavras; eu serei com a tua boca e com a dele e vos ensinarei o que deveis fazer. Ele falará por ti ao povo; ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus.

Reabilitado os ânimos, Moisés parte para o Egito consciente de duas coisas: dali em diante dependia de Deus para realizar as maravilhas e de Arão para se comunicar. O poder de Deus ia sobrepujar seus limites humanos e a fluente oratória de Arão desvencilhar as palavras de sua boca. 

Durante os quarenta anos de ministério vemos um Moisés, que, embora tenha visão definida, seja cônscio dos planos de Deus e esteja determinado em cumpri-los, acerca-se de pessoas para auxiliá-lo. Com propósitos firmes, no entanto, não desejava alcança-los sozinhos. Uma equipe que lhe assessorava estava diretamente ligada aos seus planos e estratégias para vencer o deserto e entrar em Canaã. Moisés, certamente, não sofria de fobia social nem alimentava sentimentos de auto-suficiência. Durante seu ministério teve a companhia de seu irmão Arão, de seu sogro Jetro, sua irmã Miriã, de Josué, Calebe e seus chefes. Antes de liderar o povo, Moisés teve que liderar uma equipe, lei inviolável para uma liderança eficaz.

Quando se achou exausto e já não podia atender o povo sozinho, aceitou o conselho de seu sogro, Jetro, e fez tudo quanto este lhe dissera. Subiu o monte com Arão e Hur na batalha contra Amaleque e esses sustentaram seus braços para que Israel vencesse. Tinha sob seu comando chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez, homens capazes, tementes a Deus, que julgava as pequenas causas e filtravam os problemas antes de chegar aos seus ouvidos.

Josué, que mais tarde viria a ser o sucessor de Moisés, esteve em sua companhia por quase quarenta anos. É este o fato que distingue a liderança mosaica: em preparar um homem para assumir seu lugar. Quando lemos os textos que relatam à transição deste cargo, entendemos que isso não ocorreu às pressas, num curto espaço de tempo.

Deus falou a Moisés com muita antecedência que Josué era o homem certo para assumir seu lugar. Até aquele momento nem Moisés, nem um outro membro de sua equipe, havia pensado numa troca de liderança antes de cruzarem o Jordão e porem os pés na tão sonhada Canaã. Ninguém cogitava tal possibilidade. Se não for Moisés ninguém mais poderá realizar tamanha façanha. Não há outra pessoa entre nós que consiga conduzir este povo. Comentários como esses certamente faziam parte do cotidiano hebreu em pleno deserto. 

A excelência da liderança é poder gerar discípulos, é transmitir sua visão a outros. Foi isso que Moisés fez quando percebeu a aptidão de Josué e sua constante insistência em estar ao seu lado, sempre ao seu dispor. Moisés não dispensou a sua presença nem tão pouco se sentiu ameaçado diante da ascendência e do crescente prestigio de Josué. Bem diferente de alguns líderes que, hoje, sentem-se “ameaçados” quando percebem o despontar de novos obreiros e, desprovidos de amor pastoral, tentam sufocar seus ministérios, assim como Saul tentou fazer com Davi.  Moisés não foi alimentado por esse sentimento egoísta e medíocre, mas seguiu a ordem de Deus levando Josué perante o povo e declarando para toda a congregação, que ele seria o seu sucessor.

A atitude de Moisés é digna de elogio por dois grandes motivos: primeiro, ele aceitou, sem resignação, não entrar em Canaã como penalidade à sua desobediência. Segundo, ele mesmo diz para Deus: O SENHOR, autor e conservador de toda vida, ponha um homem sobre esta congregação que saia adiante deles, e que entre adiante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar, para que a congregação do SENHOR não seja como ovelhas que não têm pastor (Nm 27.17,18). Veja que a preocupação de Moisés não é a perda do cargo, mas, que Deus providencie outra pessoa para conduzir o povo. Ele não se sente dono do cargo. Prontamente responde: tudo bem Senhor, se até aqui fui útil e se meu tempo passou, põe outro em meu lugar, mais não deixa o povo sozinho, desamparado e sem direção.  

Outro principio de liderança que podemos destacar em Moisés: a sua alma não estava apegada à posição que ocupava, mas, a seu povo, pois não queria que eles ficassem como ovelhas sem pastor. Ao passar o bordão para Josué, Moisés transfere a ele credibilidade, respeito e honra, pois, isso não invalidava seus quarenta longos anos de ministério, ao contrário, até hoje Moisés é tido como o maior legislador de Israel, respeitado e admirado em toda cultura judaico-cristã.

O tempo passa, assim como nós e o nosso ministério. Moisés entendeu seu tempo e foi sábio em reconhecer que o tempo de Josué havia chegado. Cada um constrói sua história e mesmo que surjam outros para nos substituir, ela não pode ser apagada. E se um dia ela for esquecida, seus frutos, porém, subsistirão. Precisamos entender que nossos sucessores não desfarão nossos feitos aqui na terra nem no céu. O nosso Deus não deixará que nada se perca, mas, tudo estará devidamente anotado, pois chegará o dia em que o justo juiz dará a cada um o seu galardão segundo as suas obras.  

Pr. Sóstenes 

5 comentários:

  1. que interessante análise da liderança mosaica! Que Deus o capacite cada vez mais, Pr. Sóstenes

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  2. Devemos seguir os ensinamentos dos grande lideres do antigamente como Moises Jusue e tantos outros que escreveram a sua historias com sabedoria e temor a Deus so assim poderemos ter um mundo melhor onde reinara o amor ao proximo como mandamento primordial para a salvacao da humanidade sejemos lideres como Moises ama o proximo como a ti mesmo.

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